1986: Série Prá Frentex e Fixe

«1986» é a mais recente aposta da RTP no que diz respeito às produções nacionais. Nuno Markl, radialista e conceituado argumentista, é o mentor por detrás de uma recriação da década de 1980 em Portugal.

O pano de fundo é a disputidíssima segunda volta das eleições presidenciais desse ano que envolveu Diogo Freitas do Amaral e Mário Soares. No entanto, a história foca-se no dia-a-dia de miúdos na Escola Secundária José Gomes Ferreira em Benfica.

O elenco é constituído por jovens atores que interpretam personagens que já vimos em centenas de filmes e séries. Temos o “cromo” (Miguel Moura e Silva), o “metaleiro” (Miguel Partidário), a “gótica” (Eva Fisahn) e os “betinhos” (Laura Dutra e Henrique Gil)

Mas, surpreendentemente, os atores que desempenham estes papéis cumprem -no de forma exemplar. Fogem dos esterótipos e apresentam personalidades convincentes. O “metaleiro” quer prender a virgindade. O “cromo” quer que a rapariga mais desejada da escola seja a namorada dele e, por fim, a “betinha” quer seguir o seu sonho que reside em estudar astronomia.

A trama prossegue e, sem sendo spoiler, convenceu-me. Nos primeiros episódios, fiquei um pouco retincente, pois parecia que o argumento ia sucumbir aos velhos clichês deste tipo de séries mas felizmente enganei-me.

À semelhança do filme Ready Player One (que está prestes a estrear nos cinemas portugueses), «1986» é um poço sem fim de referências nostálgicas. Desde o computador ZX Spectrum, o televisor Trinitron da Sony, o vinil de Tarzan Boy dos Baltimora, posters de filmes como os Goonies ou Karate Kid são algumas delas que, sem dúvida, irão provocar sentimentos saudosistas às pessoas que foram adolescentes durante essa década.

Por fim, mas não menos importante, acho que a banda sonora é o elemento mais bem conseguido desta série. Mas vou-vos sincero: no início, custou-me imenso de perceber o fascínio pela mesma, mas quando estava a assistir os derradeiros episódios, reparei que já estava a entoar o tema do genérico.

Qual o veredicto? Vejam. É uma boa distração e a importância nos pequenos detalhes revela que é um projeto feito com dedicação e sobretudo, bem delineado. Na minha opinião, é uma espécie de “Conta-me como Foi”, mas passado nos anos 1980.

Por isso assistam aos 13 episódios em RTP Play e “pensem no futuro amanhã”.

PS: Esqueci-me de mencionar este detalhe: O rapaz metaleiro ser fã absoluto dos Iron Maiden é talvez o pormenor mais espetacular. Fez-me um esboçar um sorriso gigante quando aparecia referências ao grupo britânico. Sendo o meu grupo preferido não podia deixar de escapar este aspeto.