Filme: ‘Duelo Imortal’ – Highlander (1986)
Connor MacLeod (Christopher Lambert), um guerreiro escocês do século XVI, descobre que é imortal após sobreviver a um grave ferimento durante uma batalha. Expulso da sua vila sob suspeita de bruxaria, ele encontra um nobre espanhol chamado Juan Sánchez-Villalobos Ramírez (Sean Connery), imortal como ele. Ramírez ensina-o a manejar uma espada, pois a única forma de matar um imortal é através da sua decapitação. Séculos depois, em 1986, MacLeod precisa enfrentar a batalha final contra Kurgan (Clancy Brown), um perigoso inimigo igualmente imortal para tornar-se o único highlander da face da Terra.
O conceito do filme originou de uma visita do argumentista Greg Winden à Escócia. Ao ver uma armadura, Winden imaginou como seria se o guerreiro desta ainda estivesse vivo. Assim surgiu a ideia dos “imortais”, que lutam entre si. As filmagens ocorreram em Nova Iorque, na Escócia e em Londres. Todas as cenas com Sean Connery foram filmadas em uma semana devido à agenda apertada do actor escocês. Os Queen foram contratados para colaborar na banda sonora, com seis canções originais (mais tarde incluídas no álbum ‘A Kind of Magic’), para além de ‘Hammer to Fall’. As músicas mais notáveis são "Who Wants to Live Forever", escrita pelo guitarrista Brian May que a compôs ao voltar para casa após assistir uma versão inacabada do filme. "A Kind of Magic", foi composta por Roger Taylor a partir de um diálogo, e "Princes of the Universe", escrita por Freddie Mercury, foi usada nos créditos iniciais do filme.
Além deste filme seguiram-se quatro sequelas: ‘Duelo Imortal II’, em 1991; ‘Duelo Imortal III’, em 1994; e ‘Highlander - O Jogo Final’, em 2000. Em 2007 foi lançado o quinto filme, ‘Duelo Imortal: A Origem’, sendo o primeiro sem lançamento nos cinemas e sem a participação de Christopher Lambert. Baseadas nos mesmos conceitos dos filmes, duas séries de televisão foram criadas: ‘Os Imortais’ (1992-1998), protagonizada por Adrian Paul, e ‘Highlander: The Raven’ (1998), com Elizabeth Gracen no papel principal; bem como um desenho animado: ‘Highlander: The Animated Series’, de 1994 a 1996. A franquia continuou com dez livros baseados na primeira série de TV e duas sagas de banda desenhada pela Dynamite Entertainment.
Dartacão (de ‘Dartacão e os Três Moscãoteiros’, 1981), He-Man (‘He-Man e os Masters do Universo’, 1983) e Lion-O (‘ThunderCats’, 1985) são três dos meus heróis animados de infância com uma particularidade em comum: todos eles empunham uma espada. O meu aparente fascínio pela exibição desta arma continuou através da sétima arte e do seu subgénero de fantasia muitas vezes referido como “espada e feitiçaria” (do original sword and sorcery) com as aventuras de ‘Conan, o Bárbaro’ (1982) e ‘Conan, o Destruidor’ (1986) protagonizadas por Arnold Schwarzenegger como exemplos de filmes que me deixavam colado ao pequeno ecrã. Foi nesta altura que o meu pai trouxe uma cópia de ‘Duelo Imortal’ de um dos primeiros clubes de vídeo, situado no centro comercial Imaviz, e eu tive que espreitar o filme, apesar de este ser para “Maiores de 12”. Hoje reconheço que o filme tem muitas falhas e que desperdiçou uma premissa ambiciosa mas ainda assim acaba por ser mais interessante do que todas as sequelas que lhe seguiram.
Série: ‘Missão: Impossível’ – Mission: Impossible (1988-1990)
'Missão: Impossível' é uma série de televisão norte-americana que narra as missões de uma equipa de agentes secretos do governo americano conhecida como Impossible Missions Force (IMF). O programa é uma continuação da série de TV do mesmo nome que foi transmitida de 1966 a 1973. O único actor a retornar para a série como membro regular do elenco foi Peter Graves, que interpretou Jim Phelps, embora dois outros membros do elenco da série original (Greg Morris e Lynda Day George) tenham regressado como estrelas convidadas. O único outro membro regular do elenco (invisível) a retornar em cada episódio foi a voz de "The Tape" (nesta série, "The Disc"), Bob Johnson.
Os eventos da série acontecem 15 anos após a última temporada da série de TV original ‘Missão: Impossível’. Depois que o seu protegido e sucessor como líder da ultrassecreta Impossible Missions Force é morto, Jim Phelps é chamado a sair da reforma e solicitado a formar uma nova equipa do IMF e rastrear o assassino. A sua equipe é composta por: Nicholas Black, actor e especialista em disfarces; Max Harte, um homem corpulento; Casey Randall, uma modelo que se tornou agente e Grant Collier, filho de Barney Collier, o especialista em tecnologia original do IMF e um génio técnico por direito próprio.
Em 1988, a temporada de outono da televisão norte-americana foi prejudicada por uma greve de argumentistas que impediu a encomenda de novos guiões. Os produtores, ansiosos por fornecer novos produtos aos telespectadores, mas com a perspectiva de uma greve prolongada, foram aos cofres em busca de material previamente escrito. Alguém está a ler este artigo? A ABC decidiu lançar uma nova série 'Missão: Impossível', com um elenco em sua maioria novo mas usando argumentos da série original, devidamente actualizados.
Ao contrário da série original, que se estendeu por sete temporadas, a continuação apenas durou dois anos, de 1988 a 1990. Antes da saga de filmes protagonizados por Tom Cruise iniciar em 1996, esta espécie de sequela televisiva foi o que me apresentou ao "universo" de 'Missão: Impossível', incluindo as suas mensagens que se auto-destruiam, os seus disfarces perfeitos e o mítico tema principal criado pelo argentino-americano Lalo Schifrin. Não devo ter visto todos os 35 episódios que passaram na RTP no final da década de 80 mas os que vi ficaram-me na memória.
Álbum: ‘Brothers in Arms’ – Dire Straits (1985)
Os Dire Straits foram uma banda britânica de rock formada em 1977 na cidade de Londres. Fundada pelos irmãos escoceses Mark (voz e guitarra principal) e David Knopfler (guitarra rítmica) juntamente com os seus amigos ingleses John Illsley (baixo) e David "Pick" Withers (bateria), a banda gravou o seu primeiro álbum em 1978 e alcançou logo de início um gosto do sucesso. 'Sultans of Swing', o primeiro single do álbum de estreia que recebeu o nome da banda, surgiu nos lugares cimeiros das tabelas de vendas um pouco por todo o mundo. Seguiram-se mais três álbuns, de êxito moderado, até que em 1985 surgiu a obra-prima do quarteto britânico.
'Brothers in Arms', o quinto trabalho de originais dos Dire Straits, elevou os índices de popularidade da banda até aos píncaros, tornando-se no primeiro álbum da história a vender para cima de um milhão de cópias no formato CD. Por esta altura, dos membros fundadores apenas restavam Mark Knopfler e John Illsey, a quem se juntaram Alan Clark (teclados), Jack Sonni (guitarra rítmica) e Terry Williams (bateria), entre outros músicos convidados. Cinco canções foram escolhidas como singles, lançados pela seguinte ordem cronológica: 'So Far Away'; 'Money for Nothing'; 'Brothers in Arms'; 'Walk of Life' e 'Your Latest Trick'.
Se qualquer um dos singles ficou no ouvido e mereceu o seu próprio videoclipe, a verdade é que um deles se destacou precisamente pelo premiado vídeo que acompanhou a canção. 'Money for Nothing', para além de se ter tornado na mais vendida canção da banda, também ficou na história por arrebatar o prémio de videoclipe do ano nos prémios da MTV de 1986, batendo o favorito 'Take On Me' dos noruegueses A-ha. O verso inicial, "I want my MTV", cantado em falsete por Sting, foi aproveitado pela estação de música como slogan e o teledisco receberia posteriormente a honra de estrear o novo canal do grupo, MTV Europe, a 1 de Agosto de 1987. A banda fez uma pausa de alguns anos e regressou em 1991 com 'On Every Street', que se revelaria o último álbum de estúdio dos Dire Straits, uma vez que estes cessariam amigavelmente a sua actividade, alegando exaustão, em 1995.
Mesmo não tendo em casa nenhum álbum dos Dire Straits, isso não me impediu de gostar do som da banda e de reconhecer os seus singles mais conhecidos que passavam na rádio e na televisão. 'Money for Nothing' chamou a minha atenção em criança pelo videoclipe animado mas também pela própria canção, cuja letra foi composta depois de Mark Knopfler ter estado numa loja de electrodomésticos enquanto um empregado reclamava do sucesso de uma banda rock que tocava na MTV. De 'Brothers in Arms' ficaram igualmente na memória o riff de sintetizador com toques de blues de 'Walk of Life' e a introdução de saxofone de 'Your Latest Trick', provavelmente uma dos mais emblemáticas deste instrumento da década de 80.
Videojogo: ‘Emilio Butragueno Fútbol’ (1988)
Emilio Butragueño Santos é um ex-futebolista espanhol cuja carreira profissional se estendeu desde 1982 até 1995. Um dos mais populares pontas-de-lança do país vizinho na década de 80, Butragueño notabilizou-se ao serviço do Real Madrid e da selecção espanhola, marcando presença nos mundiais de 1986 e 1990 e nos europeus de 1984 e 1988. Apelidado El Buitre ("O Abutre"), o avançado madrileno foi o membro mais proeminente de La Quinta del Buitre, uma geração de futebolistas espanhóis surgidos da formação do Real Madrid que alcançaram múltiplos sucessos desportivos.
A década de 80 trouxe várias novidades na indústria dos videojogos, entre elas o licenciamento de títulos com nomes de uma celebridade, especialmente do mundo dos desportos. 'Pelé's Soccer' (1981), da Atari, terá sido o primeiro exemplo de um jogo de computador patrocinado por um futebolista e vários outros haveriam de lhe seguir os passos. Deste modo, em 1987 a honra de ter um videojogo com o seu nome calhou a Emilio Butragueño, cortesia da Kantxo Design (programação) e da Topo Soft (distribuição), em parceria com a Ocean Software.
'Emilio Butragueño Fútbol' é uma simulação do desporto-rei que pode ser jogada entre dois jogadores ou contra o computador. Lançado para o Amstrad CPC, Commodore 64, ZX Spectrum, MSX e DOS, o jogo é praticamente uma cópia de 'Tehkan World Cup' (1985) mas simplificada ao máximo. Ao contrário do clássico de arcade onde foi buscar a inspiração, as opções são escassas (resumem-se a escolher os controlos e equipa) e só se pode jogar uma partida, neste caso uma final Argentina - Espanha, disputada numa parte única de 15 minutos. O ponto forte do título da Topo Soft é mesmo a sua jogabilidade, apresentando uma vista aérea com agradável fluídez em comparação com outros videojogos de futebol da época. Como curiosidade, a partida finaliza antes do tempo se uma das equipas marcar nove golos.
O ZX Spectrum recebeu dezenas de jogos de futebol, na sua grande maioria desenvolvidos no Reino Unido, mas o primeiro que eu jogaria para o referido computador doméstico seria criado por nuestros hermanos. Aproveitando a popularidade do avançado mais prolífico de Espanha à data para impulsionar as vendas do jogo, a Topo Soft conseguiu internacionalizar o seu produto e a aposta valeu a pena. Fiquei a conhecer 'Emilio Butragueño Fútbol' através de um amigo que já tinha uma considerável colecção de jogos para o Spectrum e quando tive o meu próprio computador foi uma das primeiras cassetes de jogo das quais fiz uma cópia. Naturalmente, outros jogos mais evoluídos saíriam posteriormente como, por exemplo, 'Emlyn Hughes International Soccer' (curiosamente também com o patrocínio de um jogador) mas o pontapé de saída para o meu gosto por jogos do género foi mesmo dado pelo Buitre.