Análise a Dolittle (2020) | oitobits.io

Inspirado na série de livros para crianças de Hugh Lofting com o mesmo nome, escrito entre 1920 e 1952. Existe uma série de adaptações inspiradas nesses livros, mas em filmes de longa metragem destacam-se: Doctor Dolittle (1967) em toque de musical e Dr. Dolittle (1998) com Eddie Murphy (saga de 5 filmes sendo o primeiro e o segundo mais conhecidos).

Dolittle conta a história de um homem que fala com os animais e que com o seu aprendiz vão na busca de uma planta que irá salvar a vida da Rainha.

Este filme tem muito mais efeitos especiais de imagem em relação aos anteriores (mas deixa-os agradáveis ao olhar sem parecerem exagerados); tem uma imagem mais chamativa a nível de adereços, cenários e luz. A nível de música, tem um toque mágico e épico por vezes, assim como um toque de comédia para condizer com as partes de comédia fornecidas pela representação dos atores ou situações narrativas. Recorre ao flashback quando o esquilo desperta, uma tática também de comédia assim como muitas outras que são fornecidas pelas expressões e ações dos animais.

Robert Downey Jr., conseguiu pela sua representação, dar-nos uma personagem um pouco excêntrica, espontânea, animada, mas com um toque de peso emocional…para quem gosta dos filmes com este ator, não ficará dececionado pelo papel que desempenhou neste filme. No que toca ao resto do cast, temos bastantes atores e atrizes conhecidas a dar vozes aos animais (Selena Gomez, Tom Holland, Antonio Banderas, Emma Thompson, entre outros), e este fator pode ser uma estratégia de chamar mais audiências, no entanto as personagens ficaram bem dobradas e foram bem escolhidas, conseguiram dar vida aos animais através das vozes dos atores e atrizes e ao mesmo tempo estabelecer uma ligação entre a voz e a personalidade de cada um.

Personagens:
 (para quem não queira ter spoilers não é aconcelhado ler a seguinte parte, deve saltar diretamente para o fim)

Tem uma introdução em animação que explica resumidamente, com recurso a um narrador (que é o papagaio), o que aconteceu até ao ponto em que passa para live-action (plano do portão). É uma animação que faz lembrar um cruzamento entre as técnicas de KLAUS (2019) e Spider-Man: Into the Spider-verse (2018), pelo traçado e técnica de degradê/sombra.

Os animais:
 Uma mistura de espécies improváveis de se darem bem juntas, no entanto são uma família, cada um com uma personalidade diferente e com uma aceitação uns dos outros inacreditável. Temos um gorila cheio de medo de tudo, um papagaio que supervisiona tudo e toma conta de todos como se fosse uma avó, um urso polar sempre com frio…temos de tudo um pouco…embora pouco desenvolvido a nível psicológico…o que é normal sendo que é um filme para toda a família.

Dolittle:
 A personagem principal que se isolou da sociedade depois da morte da sua mulher, acabando por se tornar um pouco selvagem, até que a Rainha pede os seus serviços e ele se vê obrigado por 2 crianças a ajudar partindo numa aventura em busca de uma planta com propriedades curativas. Novamente poderia ser uma personagem mais bem estruturada a nível psicológico, embora seja a personagem mais bem estruturada neste filme.

O aprendiz Tommy:
 Rapaz de bom coração que pede ajuda a Dolittle depois de alvejar um esquilo. Aos poucos aprende a falar com os animais…o que nos leva a questionar se o poder de Dolittle existe em mais pessoas, ou se realmente é algum poder ou apenas uma sensibilidade extra pelos sentimentos dos animais.

Os pontos fortes deste filme são a imagem, a luz, os cenários e adereços, assim como a mini animação inicial.

Se este filme era necessário? Não…não é um filme que precise de ser feito, além de ser inspirado numa série de livros, já existem filmes do mesmo tema. Recorrem à nostalgia, trazendo memórias de filmes anteriores e dos livros, esta estratégia de nostalgia tem sido bastante usada pelo cinema em geral…mas ás vezes não tem o efeito que é esperado de ter grandes audiências.

É um bom filme para se ver em família pelo lado de comédia e mensagem que transmite indiretamente. Apropriado para audiências acima dos 10 anos.