Uma empresa farmacêutica americana com práticas e relações questionáveis com um temido cartel de droga mexicano. O que poderia correr mal? Quase tudo, como seria de prever, nesta comédia negra de acção trazida pelo australiano Nash Edgerton e com um elenco reconhecido que inclui o seu irmão Joel Edgerton, Charlize Theron e David Oyelowo.
Harold Soyinka (Oyelowo) é um honesto e simpático homem de negócios da farmacêutica Promethium, empresa responsável pelo desenvolvimento do Cannabax, um fármaco revolucionário à base de marijuana. Quando Harold é solicitado para acompanhar os seus patrões Richard Rusk (Edgerton) e Elaine Markinson (Theron) numa viagem de negócios ao México, para uma simples entrega da fórmula do medicamento ao laboratório que o vai produzir, está longe de prever que a sua vida mudará radicalmente.
A sinopse dará a ideia de que poderíamos estar a falar de um thriller, à imagem do relativamente despercebido ‘Um Caso Arriscado’, de 2008, que marcou a estreia de Nash Edgerton na realização de longas-metragens. Não é, de todo, o caso. Edgerton, com carreira dividida entre o trabalho como duplo e como realizador de videoclips e curtas-metragens, assina desta vez uma comédia de acção com muitos dos clichés do género, desde personagens hiperbólicas, estereótipos locais, situações mirabolantes e as inevitáveis reviravoltas, alternando entre o previsível e o altamente inverosímil.
A pouca riqueza do argumento conjunto de Matthew Stone e Anthony Tambakis estende-se também ao desenvolvimento de algumas personagens. Há como um desperdício do talento de Amanda Seyfried e Thandie Newton em personagens com pouca ou nenhuma relevância para a trama. David Oyelowo apresenta-se aqui numa personagem cómica, fora do seu registo habitual, e tem uma boa prestação no papel do protagonista permanentemente em apuros. Joel Edgerton representa um chefe amoral e sociopata mas é Charlize Theron que arrebata as cenas em que entra com a sua fria, calculista e politicamente incorrecta Elaine.
‘Gringo’ é um filme com momentos divertidos e com outros que se arrastam, tentando “namorar” vários géneros. Não tem a pretensão de se levar muito a sério, nem de ser uma obra memorável, mas acaba por cumprir o seu propósito de entreter o espectador durante as suas quase duas horas de duração.