É incrível pensarmos que o Jurassic Park, a longa-metragem realizada por Steven Spielberg e lançada nos cinemas em 1993, foi lançada há quase três décadas. Na altura, o filme foi um marco na indústria. A mistura entre efeitos práticos e efeitos CGI foram responsáveis para fazer com que o espetador acreditasse que estivesse a presenciar de um T-Rex em carne e osso no grande ecrã.
Os anos passaram e o deslumbramento pelos efeitos especiais por parte do público foi esmorecendo. Em parte, deve-se ao o “olho clínico” do espetador que se tornou mais crítico. Por isso, quando a franquia Jurassic deixou o “Park” para dar lugar ao “World”, o mote passou a ser outro.
Em vez das questões sociais, o foco de Jurassic World passou a dar prioridade à experiência de filme de ação. Não é que haja algum problema com isso. Apenas temos de moldar as expectativas tendo em conta uma nova visão de um realizador distinto.
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Collin Trevorrow foi o escolhido para dar uma nova vida aos dinossauros de Steven Spielberg. Chris Pratt e Bryce Dallas Howard são os atores que protagonizam a “cara lavada” da franquia.
Depois de ‘Jurassic World’ de 2015 e ‘Jurassic World: Fallen Kingdom’ de 2018, chega-nos em 2022, ‘Jurassic World Dominion’, que representa, aparentemente, o fecho da nova trilogia e também da franquia Jurassic.
Será que a espera valeu a pena?
O “problema” de Jurassic World Dominion
No anterior filme, o final mostrava um futuro promissor em termos de argumento: os dinossauros são soltos na natureza do “nosso” mundo e assim passaram a co-habitar entre os seres humanos e animais. Daí podiam surgir várias ideias criativas de como poderiam ser os dilemas entre pessoas e dinossauros.
No entanto, esse que tudo indicava que seria a principal enredo de Dominion é deixado em segundo plano. É abordado logo nos primeiros minutos do filme mas depois é menosprezado pelos argumentistas.
Em vez disso, o principal foco do filme é impedir o descontrolo de uma praga de gafanhotos provocada por uma corporação megalómana liderada por um Steve Jobs wannabe.
É esse a história de Dominion e é também o motivo pelo qual temos uma reunião do elenco do primeiro filme: Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum voltam a estar juntos no mesmo filme. Não esquecer que os atores já apareceram em filmes interiores, mas é a primeira vez, desde 1993, que estão juntos numa longa-metragem jurássica.
A química entre os três continua intacta e é, em grande medida, um dos pontos altos do filme. Há cenas que são descaradamente fan-service entre os personagens. O trio também convive com os protagonistas de Jurassic World, neste caso, Chris Pratt e Bryce Dallas-Howard e é bastante satisfatório presenciar este cruzamento entre ambas trilogias jurássicas (algo que, por exemplo, Star Wars não conseguiu fazer com os mais recentes filmes da saga Skywalker)
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Os momentos de ação são proporcionados pelos dinossauros em várias instâncias. Apesar de intensas, se uma pessoa começa a questionar a plausibilidade de certos momentos, destruímos a ilusão que estamos mergulhados neste “mundo perdido”.
No entanto, o clímax do filme com o embate entre dois dinossauros de grande porte, de facto, impressiona, mas é algo que o espetador já viu em capítulos anteriores. Arrisco-me a dizer que é o mais desinspirado da saga.
Apesar disso os efeitos especiais são competentes e a banda sonora de Michael Giacchino cumpre também o seu papel.
Veredito
Há pouco mais que possa dizer sobre Jurassic World Dominion sem fazer spoilers do filme. O argumento é, sem dúvida, o ingrediente mais amargo deste prato.
Para fãs de longa data, o filme vai desiludir, mas para quem quer um serão de entretenimento a puxar pela pipoca e pelo refrigerante açucarado, então Dominion é o mais indicado.
Uma pena. A franquia Jurassic Park/World merecia um final mais digno.