Raya, uma princesa guerreira, parte numa aventura para encontrar o último dragão e assim salvar o seu pai e toda a Kumandra.

Sobre o filme e a sua narrativa:
Filme de animação, ação, comédia e aventura com cerca de 1h e 45min. Apropriado para todas as idades, mas todos sabemos que os adultos irão perceber as entrelinhas.
O filme está disponível na Disney+ Premium e estará disponível para os restantes clientes em junho.
A realização deste filme foi maioritariamente feita a partir de casa em teletrabalho, tanto a animação como a gravação de vozes.
A equipa esteve também presente em filmes como Moana, Frozen, Zootopia, Big Hero 6, Treasure Planet.
Com inspiração no sudoeste asiático (da Tailândia à Indonésia), em termos de comida, nos estilos de luta, roupas, penteados e armas.
É um dos filmes da Disney com mais cenas de luta (provavelmente ao nível de Mulan).
Um dos poucos filmes da Disney que não é um musical.
Não é um filme tão emocional como esperado, não iremos ter uma audiência a chorar descontroladamente e não será um filme que nos faça pensar muito porque todas as questões e lições de moral serão respondidas/mostradas. O tema deste filme é a confiança e a mensagem foi bem passada através da variedade de personagens que este filme tem e os seus diferentes níveis de confiança que mostram.
Tem uma narrativa simples, com uma pequena introdução no início para nos localizar temporalmente na história; recorre a alguns flashbacks para mostrar cenas do passado, mas nada se torna confuso visto não haver cruzamentos temporais. A nível de história (assim como roupas e penteados) podemos ver algumas semelhanças logo no início com Avatar The Last Airbender (a série trazida pela Nickelodeon).

Análise ao Som, Música e Imagem:
O soundtrack foi feito por James Newton Howard, conhecido pelos soundtracks de Treasure Planet, Fantastic Beasts And Where To Find Them, Atlantis e The Dark Knight. Temos um uso de instrumentos de percussão e variados tipos de flautas, dando assim um estilo mais “tribal” acompanhado de cânticos…com um estilo mais progressivo em algumas músicas. A nível de som está tudo dentro da norma, nada demasiado alto ou demasiado baixo.
A nível de animação temos uma variedade de estilos que normalmente não encontramos em filmes de animação (visto já serem de animação). Temos uma introdução apresentada com uma espécie de sombras chinesas super coloridas (imagem á esquerda). Parte do filme (a apresentação dos vários territórios de Kumandra) faz lembrar o estilo de animação em Klaus (imagem á direita).

Este filme é sem dúvida um dos melhores em termos de cenário, com um realismo inacreditável…a luz, as texturas, as formas e as cores…na água, nas rochas, nas plantas, na madeira e cabelo das personagens.
Os planos têm uma composição simples, no entanto são extremamente atrativos.
Os créditos finais são completamente coloridos (tanto o fundo como os elementos que aparecem ao lado das letras), semelhantes às sombras chinesas usadas no início do filme…isto ajuda assim a cortar com o padrão de letras brancas sob fundo preto.

Personagens:
Kelly Marie Tran, Awkwafina, Gemma Chan e Daniel Dae Kim são parte do cast que dá voz às nossas personagens.
A maior parte dos diálogos foi gravada em casa em estúdios improvisados; mesmo com esta particularidade o espectador pode estar descansado porque a qualidade não está de todo inferior a outros filmes. Todo o cast fez um trabalho excelente a representar a sua personagem. Para quem conhece os atores e atrizes consegue ver algumas parecenças a nível físico com a personagem que estão a dar voz. Temos uma complexidade nas relações femininas, quase ao ponto de ter alguma química natural presente em relacionamentos amorosos.

Raya: (à esquerda)
A personagem pessimista e desconfiada nesta história, o que é algo estranho, normalmente não temos a personagem principal com tamanha dose de pessimismo. Guerreira por natureza e com uma enorme paixão por dragões — que irá partilhar com Namaari — tornando assim a relação estre estas duas personagens um pouco mais complexa.
Namaari: (à direita)
Esta é a nossa “vilã” da história…embora o espectador perceba que no final ela tem bom coração. É a típica guerreira um pouco dominada pela raiva.
Sisu: (ao centro)
Esta personagem é o dragão azul, a sua personalidade faz lembrar a personalidade do Génio em Aladdin no estilo de comédia e gíria usada no seu diálogo, assim como o positivismo de Olaf em Frozen (algo difícil de encontrar no mundo real). Esta personagem será quem nos ensina a confiar.

Opinião final:
É Um filme que apareceu numa época em que ninguém confia em ninguém…em que todos estamos a lutar para conseguir o mesmo, no entanto às vezes parece que estamos a lutar separadamente, em vez de nos ajudarmos mutuamente. É um bom filme para as crianças e jovens, não sendo de todo tedioso para os adultos. É uma espécie de fábula (como todos os filmes da Disney costumam ser)…neste caso o tema é a confiança e o facto de que ás vezes é preciso ter uma certa dose de coragem para confiar quando se foi magoado no passado. Torna-se um filme leve, bom para ver a qualquer altura, sozinho ou com a família. É um filme extremamente bem executado a nível formal, no entanto podia ter tido mais impacto emocional.