Análise a ‘The King’s Man’

★★★★ — Uma prequela que sobrevive sozinha

Sobre o filme:
Vamos começar por deixar aqui bem claro que, para quem está à espera de algo ao estilo dos filmes anteriores pode esperar sentado…esta prequela de 2h é muito mais focada na primeira guerra mundial com alguns easter eggs de Kingsman.
Este filme poderia ser uma espécie de ficção documental, que, no entanto, tem muitos aspetos historicamente incorretos…daí ser uma ficção.
Este é um filme de guerra, mistério e ação, que no entanto tem alguns momentos de comédia, onde nos contam como a agência Kingsman foi criada.

Narrativa, imagem e som:
Para quem vá com a mentalidade de “mesmo estilo que os filmes anteriores”, pode ficar desapontado ao ver o oposto…no entanto para quem vá com uma mente aberta, irá ser capaz de apreciar as potencialidades deste filme como filme singular. 
Uma boa característica deste filme é que pode ser visto mesmo para os que não viram os filmes anteriores.
Neste filme não temos os movimentos de câmara a que estamos habituados a ver nos filmes anteriores, no entanto temos uma imagem bastante cuidada e visualmente atraente; a nível de música continuamos com o tema principal dos filmes anteriores mas com um toque mais clássico. 
Temos lutas com coreografias fenomenais, especialmente na luta contra Rasputin, em que ele usa passos de dança tipicamente russas e ballet…com certeza não irá desapontar ninguém.
Temos um humor mais virado para o lado sexual o que pode não ser apropriado para audiências abaixo dos 15 anos.

Temos muitas cenas que existem por pura conveniência narrativa, para que o próximo ato seja lançado e assim dar continuidade à história; isto é algo que poderia ser mais bem feito para não criar momentos anticlimáticos que nos deixam frustrados….talvez a ideia seja mesmo essa de criar algo anticlimático, e talvez, por estarmos habituados a ver um build-up e clímax emocional, não nos caia tão bem em algumas situações.
Temos um plot twist que é realmente algo que não nos deixa chocados…no final é nos mostrado quem é o vilão da história, mas ficamos indiferentes, porque não temos qualquer ligação com a personagem ou os seus motivos.
Temos um final aberto com uma pequena cena nos créditos finais que serve de cliffhanger onde o próximo filme irá começar.
Temos uma tentativa de tentar contar muito em pouco tempo, temos pequenas micro-histórias e ideias a acontecer ao mesmo tempo que podem ficar um pouco “penduradas” na narrativa…e talvez o filme tivesse acabado bem com a luta de Rasputin por ser tão épica e nos dar uma vibe das lutas dos filmes anteriores…o facto de o filme não acabar por ali só nos dá ainda mais a sensação anticlimática que já foi referida.

Personagens:
A nível de personagens, temos uma boa representação…de apontar os atores (Rhys Ifans e Ralph Fiennes) que interpretam Rasputin (que consegue ser misterioso e ao mesmo tempo tenebroso e cómico com o seu humor e estilo de luta) e Orlando Oxford (quem nos faz lembrar Harry Hart dos filmes anteriores pela maneira como fala).

Opinião final:
Este filme é mais pesado emocionalmente e psicologicamente em comparação aos anteriores, focando-se na conexão familiar e nas ideias e valores morais em tempo de guerra.
Para quem não está habituado a ver filmes de guerra, este pode ser um bom filme para começar a entrar neste género cinematográfico, por ser mais leve em comparação a outros.
Para quem está habituado ao género de guerra, não terá problema em apreciar este filme com alguma comédia à mistura…uma espécie de versão de guerra mais suave com uma pitada de agentes secretos ainda não oficializados.