Análise a Wish Dragon (NETFLIX) ★★★☆☆

Depois de encontrar um dragão dos desejos, Din, tem agora a possibilidade de se reconectar com a sua amiga de infância Li Na.

Sobre o filme:
Este é um filme de 1h e 40min, género de animação, aventura, fantasia e comédia; apropriado para todas as idades. Embora pareça ser um filme para crianças, tem alguns dilemas mais vivenciados por adolescentes e adultos. Assim como se pode perceber pelo trailer, é uma espécie de adaptação chinesa da história do génio da lâmpada, no entanto mais contemporânea.
Para surpresa de muitos, o nosso adorado Jackie Chan faz parte da produção deste filme.
Chris Appelhans é o diretor que também esteve encarregue de outros filmes de animação como Rise of the Guardians, Coraline, The Princess and the Frog — no entanto é mais conhecido pelo seu trabalho no departamento artístico nestes filmes e não tanto como diretor.

Análise narrativa:
Narrativamente a história já não é nova porque a maioria de nós já conhece a versão da Disney, do génio da lâmpada no filme Aladdin.
Conhecendo esta história previamente é quase impossível não fazer uma comparação…especialmente quando temos uma personagem tão icónica como o Génio (interpretado por Robin Williams)…mas tenham em mente que psicologicamente este dragão é o oposto do Génio…e quem consiga olhar para lá das similaridades pode divertir-se bastante com este filme.
Mesmo conhecendo a história previamente, ainda é um filme que conseguimos apreciar, não tanto pela história, mas sim pelo crescimento das personagens.
Este é um filme sobre amizade, como mantê-la e a sua importância, no entanto também tem como tema a diferença da qualidade de vida entre classes. A mensagem está bem transmitida e o filme não tem micro-histórias a sobreporem-se á história principal (o que ajuda o espectador a entender melhor a narrativa e a criar laços com as personagens).
O filme começa um bocado “fraco” no entanto passado 15 minutos torna-se bastante interessante a ponto de deixar o espectador colado ao ecrã — talvez porque pensamos que vai ser um filme igual a Aladdin e acabamos por perceber que não é esse o caso.

Análise ao Som, Música e Imagem:
A edição, mistura e gravação de vozes por vezes é um pouco artificial, não correspondendo ao real cenário que vemos no ecrã (ex: a personagem está ao lado de um autocarro e está a falar como se estivesse numa sala — a nível de voice acting — sem gritar e sem barulho de exteriores a “abafar” a sua voz).
Por vezes a música que é posta por cima das vozes para acelerar a narrativa e mostrar mais conteúdo em pouco tempo (ao estilo de videoclip), nestas alturas a música é um pouco mais alta do que a voz e pode tornar-se difícil de perceber o que as personagens dizem.
A nível de imagem, este filme tem poucos volumes e texturas, poucas sombras fortes e uma animação simples repleta de cores vivas, a nível de movimentos faz lembrar Hotel Transylvania em que as personagens parecem não ter esqueleto (o que torna muitas vezes a cena ainda mais divertida). Shelly Wan que anteriormente fez parte do departamento artístico de filmes de animação como COCO, Inside Out, Incredibles 2 e Finding Dory, teve agora a sua oportunidade para dirigir o departamento artístico deste filme.
A nível de banda sonora temos uma música com um toque fantástico, progressivo e por vezes épico. A música de fundo acompanha bem a ação e não perturba a visualização do filme, reforça até a emoção que está a ser demonstrada em cena sem ser exagerada.
A banda sonora é elaborada por Philip Klein, mais conhecido pela sua participação na equipa de som de The Mandalorian e Joker.

Personagens:
Este filme gira em volta de 2 personagens, Din e Li Na, no entanto temos também o dragão…que de certa forma parece ser a personagem que mais cresce psicologicamente durante todo o filme e é muito provavelmente a personagem mais interessante — tanto pelas suas expressões, realismo e ideais pré-concebidas que o levam a questionar tudo.
Muitos irão rir com este divertido dragão e as suas ideias assim como as suas reações a tudo o que é novo para ele.
Este filme está mais realista do que a versão da Disney, a nível de como as personagens reagem a algo que não conhecem e as questões que levantam — algo que até torna a cena mais divertida e menos forçada porque a maioria de nós iria ter exatamente a mesma reação.
A nível psicológico as personagens parecem viver no mundo real e não tanto no mundo da fantasia como acontece em Aladdin.

Opinião final:
Sendo um filme criado maioritariamente por empresas chinesas não houve muita divulgação para o resto do mundo…especialmente porque foi lançado relativamente ao mesmo tempo que LUCA…e talvez porque não pensaram que o resto do mundo estaria interessado neste filme por já haver uma versão feita pela Disney.
É um bom filme para passar o tempo, tanto pode ser visto sozinho como acompanhado. É um filme que nos faz rir e que de certa forma nos faz pensar que às vezes “quem tudo quer, tudo perde”, e que o dinheiro não compra tudo. É uma chapada de luva branca, um balde de água fria se lhe quisermos chamar, sobre o capitalismo e a diferença da qualidade de vida entre os mais pobres e os mais ricos…assim como o reforço de “o dinheiro não traz felicidade”. No entanto, continua a ser um filme leve e possível de ser apreciado por uma vasta audiência.