O filme original de ação realizado por Rawson Marshall Thurber estreou a 4 de novembro nas salas de cinema portuguesas e chegou ao pequeno ecrã mais tarde, a 12 de novembro.
Algures entre o heist movie, o filme de ação e a comédia ácida, “Aviso Vermelho” traz consigo três pesos pesados do cinema de entretenimento atual, a saber: Dwayne “The Rock” Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot.
O elenco conta, claro, com mais um punhado de nomes, mas a tela está quase sempre preenchida por aqueles três atores — afinal, com os rendimentos de cada um a ascenderem aos 20 milhões de dólares, o investimento tinha de compensar.
Em linhas gerais, a história resume-se à busca do agente do FBI John Hartley (Dwayne Johnson) atrás de um dos maiores trapaceiros da história dos roubos de arte de alto perfil Nolan Booth (Ryan Reynolds). Pelo meio, “The Bishop” (Gal Gadot) também dá cartas e se inicialmente parece colaborar com Hartley, o argumento vai desenrolar-se com muitas reviravoltas que vão mudar isso.
No centro da cobiça, os três ovos de ouro maciço que outrora pertenceram a Cleópatra, especialmente o terceiro e último, do qual apenas correm rumores quanto à sua localização certa.
Em termos de argumento e história, “Aviso Vermelho” não prima pela originalidade, não inventa a roda e incorre em inúmeros clichés que fazem questionar afinal se aqui está realmente algo original ou apenas uma colagem de todas as suas influências.
Existem muitas e isso não é um problema, mas quando se chega ao twist que transforma o filme praticamente nos “Salteadores da Arca Perdida”, pode questionar-se qual a linha entre a inspiração e a imitação.
“Aviso Vermelho” é, de facto, um filme de ação com enorme duração e, apesar, de nunca parar ao longo daquele tempo, não é por isso que está isento de falhas — tem muitas, mas não deixa de ser um grande entretenimento.
A verdade é que, mesmo para quem não segue normalmente este género, são duas horas bem passadas em que o cérebro está desligado, mas perfeitamente entretido.
Um dos maiores senãos é mesmo a intervenção de Gal Gadot como “Bispo”, que não tem nem metade da capacidade de encher o ecrã como Johnson (apesar de aqui um pouco desinspirado) ou Reynolds (igual a si próprio e o grande motor de todo o filme).
O ritmo da atriz não está ao mesmo nível dos outros dois atores, não tem graça, convicção ou profundidade e é pena que assim seja, já que os clássicos vilões são quase sempre os mais apetecíveis. Gadot desperdiçou a oportunidade de brilhar e, muito pelo contrário, apresenta-se baça e desinspirada.
Esmiuçar “Aviso Vermelho” em termos artísticos, confronta o espetador com a realidade de um filme bastante oco, embora se não se o esmiuçar facilmente se pode dizer que basta sentar na sala de cinema ou no sofá e aproveitar — resulta na perfeição, mesmo para quem não é fã do estilo.
Uma banda-sonora que não é nada de se deitar fora (Gotan Project, Beastie Boys, The Notorious B.I.G, Piazzolla, Pink Martini), uma viagem pelo mundo inteiro em busca do ovo perdido, uma realização que não arrisca, mas mostra-se competente — mastiga-se bem, apesar de não ter muito sabor.
No final, um mesmo espectador pode dividir-se entre o sentir-se enganado por ter gostado ou simplesmente aceitar que conseguiu gostar de algo que nada mais é que um bonito rebuçado embrulhado num incontável número de fórmulas e receitas.
Vale a pena num daqueles dias em que não apetece nada pensar e pela interpretação de Ryan Reynolds, cujo humor irónico e ácido contrasta com a relativa apatia ou desinspiração de Johnson e Gadot, que parecem não combinar muito bem com o estilo de Reynolds.
No geral, os twists são tantos que acaba por ser excessivo ou confuso, mas pelo menos sabe-se logo ao início que as clássicas perseguições de carros de alta cilindrada não fazem parte do catálogo quanto o agente Hartley prepara a banda sonora no Porsche e não anda mais que dois metros.
Classificação: ★★