Lisboa Games Week 2023

Decorreu nos dias 23,24,25 e 26 de Novembro a edição de 2023 da Lisboa Games Week, um dos maiores eventos nacionais de videojogos.

A 8ª edição do Lisboa Games Week já decorreu e estas foram as opiniões dos membros do Oitobits presentes.

Tiago Rafael (Direção)

Este ano foi um ano de mudanças, algumas boas, outras más, com pontos positivos mas, muito infelizmente, mais negativos. É com muita pena minha que escrevo este artigo da 8ª edição do LGW. Para começar, um dos pontos positivos é sempre encontrar as pessoas conhecidas, meter a conversa em dia, trocar opiniões e ver pela primeira vez algumas pessoas conhecidas dos meios digitais na vida real, no entanto, isto é mais a essência dum meet do que dum evento sobre videojogos. Outra grande ponto positivo, e possívelmente o maior e único, é o espaço disponível este ano, havia mais liberdade para andar pelos corredores sem o constante encontrão nas pessoas ao lado, uma excelente organização dos espaços, achei que as bancas estavam bem posicionadas no espaço disponível. No entanto, era demasiado espaço para tão pouca aderência do público, havia momentos em que não se via ninguém nas bancas ou corredores, e não estou a falar em horas mortas, estou a falar a um sábado às 14-16h, ou um domingo às 15h, dias e horas nas quais era suposto haver enchentes.

Palco Takis (Palco Principal)


Esta edição foi especialmente marcada pela falta de grandes marcas, apenas com a comparência da Nintendo (que em Portugal não tem uma grande audiência), mas de resto apenas umas consolas. As únicas bancas que realmente me surpreenderam pelo excelente trabalho que fazem nos eventos nacionais foi a zona dos jogos de tabuleiros da Devir, sempre cheio, bem organizado e com um Staff incrível. A banca do Museu LOAD ZX Spectrum, que teve sempre atividades e convidados muito bons do mundo gaming, estava sempre vazio com falta de aderência pelo público. E o sítio que eu via mais cheio era a zona das Arcades, com imensas filas, super recheado máquinas diversas e diferentes estilos, foi um ponto reconfortante ver gente a aderir a este tipo de atividade. Gostei também imenso da Loading Zone, onde foi possível ver e jogar novos projectos desenvolvidos em Portugal, falar com os Devs por detrás das criações e concluir que temos coisas muito boas a ser feitas em Portugal, por Portugueses que também devemos dar valor.


Agora passando à parte mais díficil, os pontos negativos. É triste ver a comunidade gaming, principalmente os eventos, no estado em que estão. Cada vez vejo mais um foco enorme nos e-sports, claro que são importantes e devem fazer parte, mas para o "maior evento de videojogos em Portugal" acho que o foco deveria ser outro. Estava à espera de ver algo diferente, uma ou outra publisher com anúncios, com trailers, demos, algo que já não se vê num evento à algum tempo. Vejo uma cultura gaming em Portugal muito atrás do resto do mundo, onde só se vê os 4 grandes, temos o clássico Call Of Duty, o gigante EA Sports FC 24 (FIFA), o intemporal Counter:Strike e o famoso League of Legends. Eu sei que a dimensão de público destes jogos é astronómica, no entanto, o gaming não é apenas isto, onde estão os RPGs, os Action/Adventure, os MMOs, entre outros géneros que não se vêm em Portugal. É muito triste também ver outros eventos a tentar competir e "roubar" audiências uns aos outros, acabam por se estragar dois eventos quando poderíamos aspirar ter mais e melhor sem precisar de estragar o que os outros fazem.
Para concluir, espero que quem leia isto, não entenda como uma critíca desmedida, mas sim esperança para um evento que dê mais pela comunidade e para a comunidade. É com imensa tristeza que vejo a qualidade dos eventos portugueses a piorar.

João Pardal (Artigos e Podcast)

Ficará aqui o link para o episódio especial do Piado do Pardal sobre a Lisboa Games Week com algumas entrevistas pelo evento.

Francisco Santos (Criação de Conteúdo)

O evento Lisboa Games Week é amplamente conhecido como o principal ponto de encontro para os amantes de videojogos em Portugal. No entanto o paradigma encontra-se a mudar, tanto pelo aumento de competição no mercado interno como pela própria gestão do evento nos últimos anos. 

Dentro do site a minha área de expertise é o Gaming e por isso nesta reflexão do evento irei apenas focar neste aspeto, que a meu ver, dado ao nome do evento deveria ser o maior foco na sua organização, mas isso não acontece. Durante uma entrevista à RTP Arena, Luís Leal, Gestor Comercial do evento mencionou a reunião das comunidades de Esports, Cosplay e Arte e Styling, deixando de fora a comunidade de Gaming, sendo isso claramente notável a quem esteve presente no evento. 

O ano 2023 pode ser visto como um dos melhores anos no que toca ao nível de lançamentos de jogos, mas tirando a banca da Nintendo, que é um dos pontos positivos do evento, senti que a oferta de títulos recentes foi um pouco limitada. Houve sim novamente um grande enfoque para jogos ligados à comunidade de Esports como EA Sports FC, Fortnite, CS, entre outros, deixando o público “casual” sem grandes opções de escolha.

Quem lê este texto até começa a pensar que foi tudo negativo nesta LGW, mas isso também não é verdade e há que dar os parabéns a quem organizou o espaço retro do evento, pois foi sem dúvida um dos pontos altos. Tanto o espaço do Museu ZX Spectrum, com a sua exposição e atividades, tal como o das Arcades com a sua variedade de jogos estava impecável e deu tanto a miúdos e graúdos várias horas de diversão. 

O outro ponto positivo a salientar é o próprio espaço, pois uma das grandes queixas da edição anterior ter sido o facto das pessoas se sentirem bastante apertadas e a adição de mais um pavilhão este ano facilitou e muito a movimentação entre os diferentes espaços. 

No entanto, não posso deixar de mencionar um desafio notável, que foi a realização da MEO XL Games no Porto durante os mesmos dias da LGW, pois isso fez com que muitos criadores de conteúdos não pudessem comparecer, o que afetou a adesão do público à LGW. 

Concluindo, existe muito trabalho pela frente por parte da organização para fazer com que este evento volte aos seus momentos áureos, mas trabalhando em conseguir trazer uma maior variedade de jogos recentes e mantendo uma boa exposição retro, a organização está mais perto de o conseguir.

João Rachão (Artigos)

A edição de 2023 da Lisboa Games Week trouxe consigo alguns pontos novos positivos, mas infelizmente, trouxe também alguns negativos. Vamos primeiro aos positivos:

Em primeiro lugar o espaço, que nesta edição contava com dois pavilhões em vez do normal um. Assim todas as pessoas presentes podiam respirar e não se sentir “sardinha enlatada”.

Em segundo, o sentimento de comunidade. Este ano consegui sentir que quem lá estava tinha mesmo gosto em lá estar e partilhar a experiencia. Foi possível ver isso com maior diversão.

E por ultimo, as atividades (Embora que este ponto seja um misto de positivo com negativo). Houve na minha opinião atividades que valeram a pena especificamente a slot da Nintendo que para além de imensas Nintendo Switch para se jogar, tinha “mini-concursos” com o público para entreter.

Infelizmente temos agora os pontos negativos. Para começar senti falta de atividades em género de torneio. Poderíamos ter tido por exemplo torneio de EAFC24 aberto ao público, ou um torneio de Fortnite em modo solo também aberto ao público. Teria sido importante acrescentar estes pontos.

Em segundo, as lojas. Compreendo perfeitamente a presença de lojas com merchandise de anime (não fosse essa a minha praia), no entanto, de todas as bancas de venda presentes neste evento de Gaming, uma era de jogos, e tudo o resto de anime e figuras. É necessário dar uma volta de 180 graus e colocar uma de anime e o resto de jogos. Embora que as duas comunidades estejam interligadas, este evento é de Gaming e não de anime.

Por último, temos mesmo a “concorrência” que existiu com o evento que aconteceu também de Gaming nos mesmos dias no Porto. Isto fez com que a comunidade se dividisse entre os dois lugares e com isso, sente-se perfeitamente que houve menos aderência. Não sei se foi propositado ou não (espero que não, claro), mas não é isto de todo o que se quer numa comunidade que se está a tornar tão grande como a nossa.

Posto isto, parabéns á organização da LGW por nos proporcionar mais uma vez um fim-de-semana de convívio e entretenimento.

Ricardo Tarré Gomes (Artigos)

O retrogaming contou com uma parcela de espaço ligeiramente superior à edição transacta, servindo o seu propósito de oferecer aos jogadores mais veteranos uma oportunidade de matar saudades de jogos, consolas e computadores mais antigos assim como proporcionar às novas gerações uma experiência de descoberta desses mesmos sistemas. O espaço denominado “Arcade Lovers” provou ser um dos locais de maior afluência concentrada do evento, com as clássicas máquinas de arcade invariavelmente ocupadas com visitantes, fossem jogadores saudosistas ou simplesmente curiosos.

A parceria com o museu Load ZX Spectrum, sediado em Cantanhede, fez-se notar novamente este ano, com a presença de um stand próprio e várias iniciativas ao longo dos quatro dias do evento, onde se destacaram demonstrações, debates e até um quiz para fãs e conhecedores do icónico computador pessoal que marcou os anos 80.