Celebrando a sua maioridade, a 18ª edição do MOTELX conta já com um cartaz promissor que explora em profundidade as diversas temáticas do cinema de terror, continuando a sua missão de promover e expandir os diferentes subgéneros que o enriquecem, assim como o terror nacional, sempre em grande destaque na programação.
Entre as novidades, a primeira vai para Sasquatch Sunset, dos irmãos David e Nathan Zellner, que explora a vida quotidiana de uma família de bigfoots, numa viagem fantástica e absurda ao longo das 4 estações do ano; seguida por duas obras muito aguardadas pelos fãs do género, em Cukoo e In a Violent Nature.
Cuckoo, um filme de Tilman Singer protagonizado por Hunter Schafer, da série Euphoria, que situa a ação num resort dos Alpes alemães, onde Gretchen, de 17 anos, vê-se atormentada por visões, ruídos e estranhas ocorrências que envolvem a sua própria família;
In a Violent Nature, o slasher canadiano de Chris Nash que recupera (à sua maneira) a premissa de clássicos como ‘Sexta Feira 13’ e ‘Halloween’, em que um morto-vivo mascarado persegue um grupo de adolescentes (ou tudo o que lhe aparecer à frente), deixando um rasto de chacina numa obra com uma cinematografia peculiar para o subgénero que apresenta, e que tem causado grande impacto no circuito de festivais.
Ainda do Canadá, o filme Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person marca a estreia em longas-metragens de Ariane Luis-Seize, num coming-of-age cujo título é o suficiente para resumir a sinopse; e Your Monster, de Caroline Lindy, uma revenge rom-com sobre uma atriz nova iorquina cujo trabalho é sabotado pelo ex-namorado, e que encontra consolo na companhia do monstro que vive no seu armário.
Além dos já anunciados The Devil´s Path, Exhuma, e Sayara, as novidades incluem também Oddity, do irlandês Damien McCarthy, um autêntico pesadelo sobrenatural repleto de jump scares, e Plastic Guns, do francês Jean-Christophe Meurisse, o cineasta que nos trouxe Laranjas Sangrentas, filme vencedor do Prémio do Público do MOTELX em 2021.
No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o MOTELX apresentará o ciclo ‘A Bem da Nação – Filmes de Terror Proibidos Pelo Estado Novo’, e são já conhecidas 4 das 5 obras que o integram:
Il Demonio, de Brunello Rondi (Itália, 1963), sobre uma rapariga do povo que dizem estar possuída por um demónio, censurado até mesmo no seu próprio país, é considerado um percursor do Folk Horror europeu;
The Plague Of The Zombies, de John Gilling (UK, 1966), proibido por ser “um filme de magia negra (...) prejudicial para a exibição na província por ser mais acessível a credulidade em causa de bruxaria”;
10 Rillington Place, de Richard Fleischer (UK, 1971), reprovado “dada a morbidez do tema e da forma extremamente depressiva como está tratado”, é, no entanto, uma obra influente para o True Crime televisivo;
Valerie And Her Week Of Wonders, de Jaromil Jires (1970), um clássico de culto do cinema checo "cheio de problemas" porque "(o filme) é ele um ataque às instituições religiosas";
E uma sessão surpresa na Sala Rank do Cinema São Jorge, onde, reza a lenda, a censura via e classificava os filmes.
No cinema nacional, o Quarto Perdido, secção designada para a recuperação de obras e cineastas que definiram o terror português, terá o tema ‘vampiros, lobisomens e o fantasma da ditadura’, com A Culpa, uma obra de ficção lançada em 1980 que tem como temática a guerra colonial e a estreia cinemática do compositor e maestro António Victorino D’Almeida, que estará presente na sessão; e As Desventuras de Drácula Von Barreto nas Terras da Reforma Agrária (1977), uma curta-metragem filmada no Avante pela Célula de Cinema do PCP. Com a temática do cinema português, esta edição inaugurará também a secção Sala de Culto, para obras inqualificáveis da sétima arte, onde serão apresentados o telefilme da RTP Experiência em Terror (1987), realizado por António de Andrade Albuquerque e protagonizado por atores amadores, e O Velho e a Espada (2024), um buddy movie de Fábio Powers que invoca o cinema de série B dos anos 80, inspirando-se em clássicos como o ‘Evil Dead’ de Sam Raimi, e ‘Bad Taste’ de Peter Jackson.
Continuando no cinema português, muitos são os títulos em competição. Para o Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa 2024 estão em concurso: ‘After Link’, de Catarina De Cèzanne; ‘Holofote’, de Camilla Ciardi; ‘Menor que Três’, de Dan Martin, Sofia Pessoa Pádua, Mariana Cabecinha e Cláudio Monteiro; ‘The Night Hunter’, de Paulo Leite; ‘Parem de Olhar para Mim’, de Carolina Aguiar; ‘Penrose’, de Alessandra Roucos e Maria Teresa Teixeira; ‘O Procedimento’, de Chico Noras; ‘Putto’, de Carlos Calika; ‘Santanário’, de João Pedro Frazão; e ‘Umbral’, de Miguel Andrade.
Para o Prémio Méliès d’argent - Melhor Curta Europeia 2024, competem: ‘Antes do Nascer da Lua’, de Mário Patrocínio; ‘O Camaleão’, de Tiago Ramon Santos; ‘Canto’, de Guilherme Daniel; ‘Estéril’, de João Pais da Silva; ‘The Hunt’, de Diogo Costa; ‘Nuclear’, de David Falcão; ‘Quanto Pesa um Corpo?’, de Gabriel Garcia Nery; e ‘Unicorn Hunting’, de Miguel Afonso.
A competição continua com o Prémio MOTELX GUIÕES 2024, retornando a parceria fundada o ano passado com o GUIÕES – Festival do Roteiro de Língua Portuguesa, onde se disputará o melhor argumento para longas-metragens não realizadas entre 5 candidatos.
Adicionalmente, a tradição mantém-se com um conjunto de curtas internacionais a juntar-se ao alinhamento do festival, com: ‘The Cost of Flesh’, de Tomas Palombi; ‘Dream Creep’, de Carlos A. F. Lopez; ‘Meat Puppet’, de Eros V; ‘RAT!’, de Neal Suresh Mulani; ‘Strangers Like Us’, de Felix Krisai e Pipi Fröstl; ‘Wander to Wonder’, de Nina Gantz; ‘We Joined a Cult’, de Chris McInroy; e ‘Where The Mountain Women Sing’, de Juefang Zhang. E como não podemos esquecer os mais novos, o Lobo Mau regressa com ‘Flow’, de Gints Zilbalodis, uma jornada pós-apocalíptica animada em que um grupo de animais se vêm presos num barco à deriva, e terão que colaborar para enfrentar os desafios da adaptação a um novo mundo.
Numa temática mais experimental da vasta programação do MOTELX, a Section X, uma vertente da festival designada para curtas experimentais e underground, regressa desta vez com as médias metragens ‘Mamántula’, de Ion De Sosa, e ‘Anapidae (Appelle-moi)’, de Mathieu Morel; e num novo ciclo, o fenómeno da Inteligência Artificial torna-se a temática de uma visionária secção de curtas metragens, a AI Horror Short Films Showcase. Esta iniciativa desenvolvida em parceria com o Liquid Sky Artistcollective pretende explorar novas formas de criatividade cinematográfica, e como exemplo será exibido o filme de Edgar Pêra, ‘Cartas Telepáticas’, com imagens criadas a partir de ferramentas de IA.
Por último (e por agora), foi anunciada a programação do MOTELX AV Lab co-hosted by Liquid Sky Artistcollective, que poderão ver aqui, e a apresentação da enciclopédia feminista ‘I Spit On Your Celluloid: The History of Women Directing Horror Movies’, de Heidi Honeycutt, programa que contará com a presença da MUTIM – Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento e da realizadora galesa Prano Bailey-Bond, que nos traz ‘Censor’, a sua obra vencedora do Prémio Méliès d’Or de 2021, um terror psicológico sobre a censura britânica durante o auge do vídeo nasty.
Segue um vídeo de highlights da Sessão de Apresentação Oficial.
O MOTELX regressa todo crescido com uma programação rica e repleta de obras criativas, visionárias, assustadoras e perturbantes, que prometem entreter, assustar e amaldiçoar os mais duros fãs de terror, de 10 a 16 de setembro, no icónico Cinema São Jorge, em Lisboa!
Fonte: https://www.motelx.org/