O Problema das Sequelas no mundo do Cinema

Porque temos sequelas, prequelas, live-actions e remakes tão maus?

Neste artigo não vamos tanto dar importância ao novo filme The Ice Age Adventures of Buck Wild (o que levou á criação deste artigo) mas sim ao ato de criação das sequelas, prequelas, live-actions e remakes.

Quantos de nós não viu sequelas de filmes que gostávamos, como por exemplo em Harry Potter…ou até mesmo as sequelas em formato de prequelas como é o caso de Star Wars…ou em último caso live-actions e remakes que cada vez mais são criados? 
O que é certo é que as companhias cinematográficas continuam a produzir e nós continuamos a consumir.

Mas porque continuam elas a produzir mais filmes?

Bem…temos que ir ao básico dos básicos para perceber…e isto é algo que pode chocar alguns leitores, mas o cinema para além de uma arte, também é um serviço (neste caso de entretenimento), e como todos os serviços, este também envolve dinheiro (e todos sabemos os valores grandes que a criação de um filme exige).
Com isto já temos uma das razões para haver sequelas — o fator financeiro (a possibilidade de ganhar mais com algo que parece ter corrido bem)…ao que podemos chamar de “espremer mais os limões”…que acaba por ser algo recorrente, em que as companhias tentam espremer mais de um limão já espremido.

Quando temos uma companhia cinematográfica mais preocupada com o fator financeiro e não tanto no fator narrativo da história original que essa mesma companhia criou nascem então as sequelas, prequelas, live-actions e remakes “maus”.

Algo que podemos encontrar também como sequela, como já foi dito, são as prequelas…que acabam por ser uma maneira de criar mais conteúdo sobre a história ou uma personagem que nos foi introduzida no primeiro filme, para quem não conhece Star Wars, talvez conheça Fantastic Beasts and Where to Find Them…que neste caso, tendo a história principal fechada com Harry já adulto só nos dá margem para ter mais conteúdo sobre as personagens que ainda não conhecemos bem como é o caso de Dumbledore.

Para os que acham que live-actions e parte dos remakes são uma tentativa de nos trazer algo em carne e osso pode contar com o marketing pelo meio também…muitas vezes o objetivo é o simples espremer mais o limão, não ter que inventar uma história nova (com 50% de hipóteses de ser um fracasso total no final)…quando as companhias têm algo que trouxe lucro e apreciação dos espectadores antes podemos ter a certeza que vão tentar fazer a sua própria versão e lucrar com isso.
Não podemos meter sequelas, prequelas, live-actions e remakes todas no mesmo saco isso é certo, mas podemos com certeza dividi-las entre “boas” e “más”.

Vamos então ver o que pode tornar uma sequela boa ou má e tentar dar alguns exemplos:
 — Intervalo de tempo grande entre o primeiro filme e a sequela (que pode ser bom e mau)…passando a explicar com a ajuda de uma filme para crianças; se tivemos um intervalo de 10 anos, muito provavelmente esse publico já não vai estar interessado porque cresceu e os gostos mudaram…no entanto quando o publico alvo é mais abrangente isto pode ser uma arma poderosa e extremamente funcional devido ao poder da nostalgia — e neste caso temos o exemplo de Finding Nemo e Finding Dory 
 — “Mais do mesmo” — em que temos exatamente as mesmas situações a repetirem-se seja com novas personagens ou não — Home Alone é o filme em que isto é mais evidente
 — Mudança de personagem principal á qual desenvolvemos uma conexão, algo que acontece mais nas prequelas
 — Choques na linha do tempo que comprometem a cronologia da história original, sendo isto mais recorrente em prequelas com uma distância grande de tempo entre o primeiro filme e a dita prequela
 — Uma história nova, talvez mais presente nos live-actions e remakes (seja com histórias vindas de filmes de animação ou histórias vindas de livros ou comics) em que muitas vezes os detalhes da história mudam, e por vezes até a aparência das personagens…neste caso os live-actions e remakes tornam-se perigosos porque tentam usar a tática da nostalgia já falada mas correm um risco enorme de comparação com o filme original ou livro (e caso algo na história realmente mude ainda será um problema maior que poderá significar o fracasso total do filme)
 — Adição de demasiadas personagens leva-nos a não ter tempo suficiente para criar uma conexão (e nestes casos é preferível ser transformado em série) — podemos pensar no filme recente da Marvel que poderá ter uma sequela e que provavelmente não irá sobreviver como sequela por causa das inúmeras personagens novas sem ligação ao universo cinematográfico apresentado até agora; estamos aqui a falar de Eternals (que já sofreu disto no primeiro filme e ainda nem tem sequela criada)
 — A novidade, o fato de ser algo novo, pode ser uma faca de dois gumes no mundo do cinema; pode ser um fator que ajuda á popularidade de um novo filme porque nunca foi visto um certo tipo de história…no entanto pode significar que, passado essa fase de “novidade” e fama do primeiro filme, todas as subtis nuances das sequelas não vão criar tanto impacto no espectador o que pode levar ao fracasso das mesmas…simplesmente pelo facto de que já não é nada de novo…o que exige ainda mais das companhias cinematográficas para se conseguir ter algo ainda melhor.

Voltando a Ice Age por 10 segundos, podemos ver que este último filme, The Ice Age Adventures of Buck Wild tem pelo menos 4 dos pontos acima indicados…para quem ainda não viu poderá preparar-se para isso.

O que fazer para evitar os tópicos acima?
Muitas vezes tornar o filme numa série de televisão acaba por ajudar em muito, porque séries são feitas para entretenimento “casual”, quando uma pessoa chega a casa e só quer relaxar a ver algo, mais para fazer companhia no dia a dia e não tanto para ser posto em festivais de cinema ou criar eventos sociais disso (sim porque ir ao cinema hoje em dia já parece mais um evento social do que propriamente a apreciação de uma arte). 
Muitos, se não todos, preferem ver uma história de detetives e crimes em formato de série em vez de filme…porque a série em si já tem embutida a característica de repetição (abrindo a possibilidade de várias aventuras em que o espectador tenta desvendar o crime com o detetive), novas personagens e novas micro-histórias…mas tudo com moderação obviamente.

Cinema é uma arte mas uma “industria de entretenimento” também, devemos ficar felizes por algumas sequelas ainda nos surpreenderem e realmente serem inovadoras…mas temos que realmente começar a perceber que a industria do cinema cada vez mais se preocupa em entregar 1 filme por ano seja ele inovador ou não…porque no final do dia há sempre alguém que irá gostar, e enquanto os filmes não forem um fracasso total ao ponto de não haver ninguém a vê-los, as companhias de cinema vão continuar a produzir. 
Para os mais otimistas, podemos ver estes filmes como uma lição de “o que não fazer na criação de sequelas, prequelas, live-actions e remakes”.