Da equipa por trás de títulos como Nioh e Ninja Gaiden, chega-nos agora às mãos Rise of the Ronin, o mais recente lançamento a integrar o grupo de exclusivos da Playstation. Devido à reputação de excelência estabelecida pelos jogos de narrativa lançados pela marca nos últimos anos, este jogo traz altas expectativas para os jogadores e após ter tido a oportunidade de o jogar, posso dizer que o jogo não dececiona e cumpre plenamente essas expectativas.
Rise of the Ronin transporta-nos para uma era de transformação no Japão, em que o Xogunato, após três séculos de reinado, se encontra à beira do colapso iminente. Neste mundo aberto, que nos oferece a oportunidade de explorar cidades como Yokohama, Edo e Kyoto, somos encarregues do destino da Nação e das decisões que moldarão o futuro do Império Nipónico.
Ao longo do jogo, nos depararemos com diversas personagens, cada uma desempenhando um papel crucial no desenrolar da história, seja através de interações diretas com a nossa personagem ou nos bastidores da ação. À medida que nos aproximamos do fim do Xogunato e da abertura do Japão ao mundo ocidental, três fações com visões distintas para o futuro império emergem.
A primeira delas é a Obei, que representa as forças ocidentais, como os Estados Unidos, a Inglaterra e a França. O seu objetivo é abrir o Japão ao comércio internacional, acabando com o isolamento nipónico e influenciando a paisagem política e económica do país.
A segunda fação é a Tobaku, composta por diversos grupos unidos pela sua oposição ao estado atual no território e que procuram o fim do governo vigente e a expulsão dos estrangeiros do território japonês.
Por último, temos a fação Sabaku, que apoia a forma atual de governo e busca defender o Xogunato, mantendo a ordem política existente. Para isso, buscam apoio militar nas forças ocidentais, enquanto tentam preservar a estabilidade interna do território.
Nas primeiras horas de jogo, a minha experiência com Rise of the Ronin inicialmente evocaram uma forte sensação de estar a jogar mais um jogo Nioh, ou seja, quase que parecia um spinoff da franquia, com uma narrativa muito linear que nos conduzia de missão em missão, sem oferecer grande sensação de liberdade como esta nos tinha sido apresentada nos trailers. No entanto, rapidamente percebi que isso se limitava apenas aos níveis introdutórios. Após a sua conclusão, o jogo simplesmente entrega ao jogador as rédeas, dizendo mesmo: “Este é o mundo onde a ação decorre, diverte-te”, oferecendo total liberdade para explorar o vasto ambiente do jogo. Todas as áreas da cidade se encontram logo disponíveis, aguardando apenas pela vontade do jogador em explorá-las.
Como é comum na grande maioria dos jogos de mundo aberto do panorama atual, os jogadores encontrarão missões principais que impulsionam a narrativa, bem como as famosas missões secundárias. Um conselho que posso dar a quem irá pegar neste jogo pela primeira vez, é o não subestimar a importância destas. Ignorá-las não apenas resultaria na perda de uma quantidade significativa de conteúdo de qualidade, como também poderia dificultar o desenrolar da narrativa principal.
Quando menciono dificuldade, não me refiro apenas aos benefícios como pontos de experiência e armas novas que estas missões nos proporcionam, ajudando assim na evolução da nossa personagem e tornando os confrontos com os bosses mais fáceis. Refiro-me também às conexões que essas missões estabelecem, no qual podem vir a ser fundamentais no desenrolar da ação. Um exemplo de outro jogo que posso dar é o caso da saga Mass Effect, na qual, após cada missão, tínhamos a oportunidade de interagir com a nossa tripulação e realizar missões pessoais para eles. Em Rise of the Ronin isso é semelhante, permitindo que o jogador estabeleça conexões com as personagens que podem vir a influenciar eventos futuros de maneira significativa.
Assim como Nioh, Rise of the Ronin destaca-se pela sua dificuldade alta, o que pode representar um desafio significativo para jogadores menos experientes no mundo dos videojogos. De facto, alguns até podem até considerá-lo um jogo do género “soulslike”, caracterizado pela sua dificuldade elevada e exigente. No entanto, semelhante aos títulos da FromSoftware, os adversários encontrados em Rise of the Ronin apresentam características distintas que, após enfrentá-los algumas vezes, permitem ao jogador compreender as suas mecânicas, facilitando no progresso do jogo ao longo do tempo.
Para os jogadores mais casuais, que possuem pouco tempo disponível após o trabalho e procuram apenas desfrutar da narrativa sem enfrentar grandes desafios, Rise of the Ronin oferece uma variedade de opções de dificuldade. Esta flexibilidade contrasta com Nioh por exemplo, que não dispunha de um modo mais acessível.
À medida que avançam no jogo, os jogadores irão se aperceber que stealth é a forma mais fácil de enfrentar os desafios, diria quase que poderia ser visto como um cheat code, pois simplifica bastante os confrontos. Para tal, os nossos maiores aliados serão o planador e a grappling rope, que permitem à nossa personagem navegar pelos telhados das cidades, abordando os desafios de forma estratégica.
Com base nas imagens divulgadas nos últimos meses, havia uma certa preocupação em relação à qualidade dos gráficos de Rise of the Ronin, especialmente por se tratar de um jogo exclusivo da Playstation. Os jogadores esperam o melhor nesse aspecto, e o que era apresentado não parecia mostrar todo o potencial que a PS5 pode oferecer. No entanto, após o jogar, posso garantir que essas preocupações são infundadas.
Embora seja verdade que, de perto, algumas texturas possam parecer simples e do tempo da antiga geração, a direção artística do jogo compensa, transportando-nos para um Japão deslumbrante e que nos faz pegar no modo foto quase sempre que entramos numa nova região.
Embora a jogabilidade de Rise of the Ronin seja fluída e divertida, há alguns aspetos que merecem ser destacados a melhorar. Dois pontos específicos surgem como preocupações recorrentes ao longo do jogo.
O primeiro é a percepção (ou a falta dela) dos inimigos: Mesmo que faças muito barulho, desde que estejas agachado e atrás do inimigo, é pouco provável que este te detecte. O segundo ponto diz respeito à fragilidade dos objetos à nossa volta. Um mínimo toque pode os partir, até mesmo estando agachado e nos movermos com cautela, a parte boa, é que mesmo isto acontecendo, os nossos inimigos nem reparam em nós. Estes aspetos sem dúvida que precisam de ser melhorados em futuros updates.
Concluindo, Rise of the Ronin é mais uma vez uma aposta segura e de qualidade associada à marca da Playstation. Tantos os mais fanáticos da marca como os jogadores mais casuais certamente se irão divertir com esta experiência. Apesar de existirem alguns aspetos a melhorar, o mundo retratado do Japão do final do século XIX não apenas merece, como deve ser explorado.