Análise a Stellar Blade (PS5)

★★★★ - Com a atração de uma bela protagonista, por trás vem também um excelente jogo com um IP que promete dar que falar no futuro.

Stellar Blade marca o primeiro grande projeto do estúdio sul-coreano, Shift Up. Inicialmente revelado em 2019 como Project Eve para a Playstation 4, o jogo passou por algumas mudanças estratégicas ao longo de dois anos e acabou sendo anunciado como um exclusivo para a nova geração de consolas, gerando grandes expectativas entre os jogadores. Desde o seu anúncio, o jogo atraiu uma atenção considerável, em grande parte devido ao aspeto físico impressionante da personagem principal, deixando as redes sociais bastante ativas. No entanto, é importante destacar que Stellar Blade oferece muito mais do que apenas uma personagem atraente. Após longas horas imersos no jogo, podemos afirmar com confiança que este entrega uma experiência que vai além do seu apelo visual inicial.
Neste jogo, testemunhamos um cenário desolador no planeta Terra, que se encontra completamente devastado e com as suas formas de vida à beira da extinção. Diante esta catástrofe, a raça humana refugiou-se no Espaço, enviando periodicamente guerreiras com uma simples missão, porém monumental, de salvar a sua espécie e recuperar o planeta Terra das garras das criaturas conhecidas como Naytiba. À medida que a estória se desenrola, encontramos sobreviventes que lutam diariamente contra estas criaturas, numa batalha constante pela sobrevivência num mundo transformado e hostil. 

É evidente que Stellar Blade busca atrair um público diversificado, e ao jogá-lo, é fácil perceber a influência de outros grandes títulos da indústria. Embora não traga propriamente algo totalmente inovador para a mesa, o jogo destaca-se ao executar bem aquilo que propõe. O seu sistema de combate lembra uma mistura de Devil May Cry e Sekiro, proporcionando uma experiência dinâmica e um pouco desafiadora, sem exceder muito. Além disso, a forma de locomoção por vezes evoca lembranças de Prince of Persia, com o trepar e correr pelas paredes. A própria sensação geral do jogo e a estrutura das missões secundárias também trazem à mente a saga Nier. Todas estas influências podem ajudar a atrair os jogadores que são fãs desses títulos para este novo IP da família Playstation. 
O jogo apresenta uma lacuna no que diz respeito à personalização das armas. Embora seja possível desbloquear várias habilidades para a arma principal, Blade, a falta de alternativas de estilo de combate com armas diferentes acaba por limitar a variedade de opções disponíveis para os jogadores. A inclusão de diferentes tipos de armas poderia enriquecer significativamente a experiência de jogo, oferecendo aos jogadores a possibilidade de experimentar e adaptar os seus estilos de combate de acordo com as suas preferências pessoais. Isso iria acabar por tornar o combate cada vez mais dinâmico e envolvente dando ainda uma maior liberdade de personalização aos jogadores.
O jogo oferece duas opções de dificuldade desde o início: fácil e normal, reservando o modo difícil para quando terminamos o jogo. Embora os bosses, tanto os Elite Naytiba quanto os Alpha, não pareçam ser particularmente desafiadores depois do jogador se familiarizar ao padrão dos seus ataques, é de notar que os inimigos comuns, quando encontrados em grande número, representam uma ameaça significativa. Lutar contra vários inimigos e em várias frentes ao mesmo tempo é bastante complicado neste jogo.
Além disso, é de notar que, assim como em Sekiro e Rise of the Ronin, Stellar Blade também apresenta a mecânica de perfect parry para auxiliar nas batalhas. No entanto, ao contrário desses jogos, onde o perfect parry pode provocar danos significativos aos inimigos, parece que, contra bosses em Stellar Blade, essa técnica não é tão eficaz, pela pouca vida que tira aos inimigos. Isso acaba por fazer com que os jogadores tenham que ajustar as suas estratégias de acordo com os vários inimigos que encontram. 

É gratificante constatar que o jogo cumpre com sucesso a promessa feita nos diversos trailers ao longo dos tempos, apresentando uma estética ao nível da nova geração de consolas. O jogo é visualmente deslumbrante, desde os vastos desertos até às ruínas das cidades destruídas. Apesar de ter encontrado uma ou outra falha na renderização dos objetos, isso em nada prejudicou a minha imersão no jogo. 
Ao longo da minha jornada em Stellar Blade fui várias vezes transportado de volta aos momentos que vivi em Nier Replicant recentemente e isso deveu-se muito à fabulosa banda sonora do jogo. Comparar esta banda sonora à de Nier é um elogio enorme, pois essa foi uma das bandas sonoras de videojogos que mais gostei. 

É interessante observar a evolução do estúdio ao longo do desenvolvimento de Stellar Blade, o seu primeiro grande projeto. Os níveis introdutórios do jogo revelam uma certa falta de confiança, acabando por não mostrar algo verdadeiramente novo, mas à medida que a história se desenrola e nos aproximamos dos capítulos finais, a conversa já é outra. Quando cheguei aos momentos derradeiros do jogo posso dizer que fiquei rendido e espero que este novo IP da Playstation nos traga mais felicidades no futuro. 
No entanto, é importante reconhecer que o jogo não está isento de falhas. Durante o desenrolar da história, encontramos dois níveis nos quais não é possível utilizar nossa arma principal, ficando reféns a ranged attacks e acabando por estragar um pouco a fluidez do jogo. Nessas secções, tive a mesma sensação que tive no famoso capítulo 13 de Final Fantasy XV, onde poderia ter sido abordado de forma diferente. 

Concluindo, Stellar Blade destaca-se por ser um jogo sólido, oferecendo uma boa experiência quer a nível de jogabilidade como estético. Quem decidir pegar neste jogo, certamente não irá ficar despontado. Com este jogo fiquei ansioso para descobrir mais sobre o destino da nossa protagonista e espero que sejam feitas mais coisas com este IP que promete bastante.