Filme: ‘Parque Jurássico’ — Jurassic Park (1993)
Os paleontólogos Alan Grant (Sam Neill), Ellie Sattler (Laura Dern) e o matemático Ian Malcolm (Jeff Goldblum) fazem parte de um selecto grupo escolhido para visitar uma ilha habitada por dinossauros clonados a partir de ADN extraído de insectos preservados em âmbar pré-histórico. O idealizador do projeto e bilionário John Hammond (Richard Attenborough) garante a todos que o parque é completamente seguro e pretende abri-lo ao público. Contudo, após uma falha de energia, os visitantes descobrem aos poucos que vários predadores ferozes estão soltos e à caça.
Ainda o escritor norte-americano Michael Crichton não tinha publicado a sua obra ‘Jurassic Park’ (1990) e já quatro estúdios de cinema competiam pelos direitos de adaptação da mesma. Steven Spielberg, apoiado pela Universal Studios, assegurou o objectivo por milhão e meio de dólares e contratou Crichton para escrever os primeiros esboços da adaptação do romance. O compatriota David Koepp juntou-se ao projecto para concluir o argumento e acabou por deixar de fora muita da violência do livro original. A rodagem teve lugar na segunda metade de 1992 entre a Califórnia e o Havai (onde os trabalhos chegaram a estar suspensos pela passagem do furacão Iniki) e a pós-produção foi supervisionada à distância por Spielberg enquanto este já filmava ‘A Lista de Schindler’ (1993) na Polónia.
Os dinossauros foram criados utilizando tecnologia inovadora para a época, através de imagens geradas por computador a cargo da Industrial Light & Magic de George Lucas. Spielberg necessitou também de recorrer à equipa de robótica do experiente Stan Wilson para construir algumas figuras animatrónicas de tamanho real, incluindo o gigantesco Tiranossauro Rex, a maior escultura alguma vez criada pelo estúdio de Wilson. Relativamente ao som, Spielberg investiu na criação da DTS, uma empresa especializada nos formatos de som digital surround, para proporcionar um ambiente mais realista de áudio, misturando vários sons de animais para recriar os rugidos dos dinossauros. As escolhas do conceituado realizador revelaram-se acertadas, com ambas as áreas de efeitos visuais e som a saírem premiadas com estatuetas douradas da Academia e a contribuírem sobremaneira para o sucesso do filme, que chegou a deter o título de maior êxito de bilheteira até ‘Titanic’, de James Cameron, o destronar quatro anos depois.
Extintos há mais de 65 milhões de anos e outrora o grupo animal dominante na Terra, os dinossauros desde há muito que despertam o fascínio da humanidade. Enquanto criança, recordo-me do surgimento de uma “febre” acerca destas criaturas pré-históricas por volta do final da década de 80 e prolongando-se pelos anos seguintes, um pouco por todo o lado: desenhos animados (‘Denver, o Último Dinossauro’, de 1988); séries de imagem real (‘Os Dinossauros’, estreada em 1991); videojogos (‘Cadillacs and Dinosaurs’, de 1992); cadernetas e colecções de fascículos com partes para montar o esqueleto de um Tiranossauro e toda uma variedade de brinquedos, incluindo até pequenas figuras de borracha que vinham dentro de pacotes de batatas fritas. Era, então, uma questão do tempo até essa “febre” se estender até ao grande ecrã e ‘Parque Jurássico’ não desiludiu quando o fui ver ao cinema com a minha mãe, tia e primo. O filme original daria início a uma saga que já gerou cinco sequelas estando a mais recente, que reúne novamente as três personagens principais da primeira película, com estreia marcada para o próximo mês.
Álbum: ‘Out of Time’ — R.E.M. (1991)
Fundada em 1980 por quatro colegas da Universidade da Geórgia, a banda de rock alternativo R.E.M. teve uma carreira de sucesso de cerca de 30 anos cujo auge situou-se na última década do século passado. Constituído pelo vocalista Michael Stipe, guitarrista Peter Buck, baixista Mike Mills e baterista Bill Berry, o conjunto norte-americano era visto como pouco mais que uma banda de culto no seu país natal até que em 1991, após o lançamento do seu sétimo álbum de originais, o reconhecimento internacional se tornou uma súbita realidade. ‘Out of Time’ atingiu o topo das tabelas de vendas tanto nos Estados Unidos como na Grã-Bretanha, com mais de 18 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
A chave para a escalada de popularidade do álbum ‘Out of Time’ foi o seu primeiro single, que permanece como a canção mais emblemática dos R.E.M. e uma das mais reconhecíveis de toda a década de 90. ‘Losing My Religion’, composta de forma pouco convencional a partir de acordes de um bandolim, até enfrentou a desconfiança inicial por parte de responsáveis da produtora Warner Bros Records em ser lançada como single principal mas a insistência da banda prevaleceu e o seu sucesso foi impressionante, arrecadando vários Grammy e prémios da MTV. Curiosamente, a letra não tem necessariamente a ver com religião mas sim com a clássica temática de amor não correspondido, uma vez que a antiga expressão “perder a minha religião”, proveniente da região sul dos Estados Unidos, significa perder a fé em alguém ou alguma coisa.
‘Out of Time’ deu origem a mais três singles: ‘Shiny Happy People’, ‘Near Wild Heaven’ e ‘Radio Song’. A primeira é uma canção assumidamente pop que contou com a presença vocal de Kate Pierson dos conterrâneos B-52’s e que a banda raramente tocou em concertos, enquanto a última é a faixa que abre o álbum e conta com o contributo do rapper KRS-One. O bom momento dos R.E.M. continuaria com ‘Automatic for the People’ (1992), que incluiria os sucessos ‘Everybody Hurts’ e ‘Man on the Moon’; seguido pelos álbuns ‘Monster’ (1994) e ‘New Adventures in Hi-Fi’ (1996). O quarteto original desfez-se em 1997, com Bill Berry a sair de forma amigável, e o sucesso dos R.E.M. nunca mais foi o mesmo. O trio restante ainda lançou mais cinco álbuns de originais até se reformar em 2011 sem animosidades entre os membros mas também sem quaisquer planos para um eventual regresso aos discos ou sequer concertos.
Como o êxito de ‘Losing My Religion’ foi de tal modo avassalador com presença assídua nas rádios e nos programas de videoclipes da televisão, eu já conhecia a banda quando o meu irmão mais velho comprou o CD de ‘Out of Time’. No entanto, o álbum é muito mais que o seu single principal e a sonoridade do mesmo torna-se agradavelmente difícil de catalogar entre o rock, o pop e até o folk. O vencedor do Grammy para Melhor Álbum de Música Alternativa em 1992 é provavelmente o trabalho dos R.E.M. onde as harmonias vocais são mais proeminentes, com a distintiva voz principal de Stipe a ser perfeitamente complementada pela do baixista Mills e a da soprano Pierson que, para além de ‘Shiny Happy People’, colabora em mais outras três canções.
Videojogo: ‘ATP Tour Championship Tennis’ (1994)
O ATP (Associação de Tenistas Profissionais) é o órgão regulador do circuito profissional do ténis masculino. Fundado em 1972 como uma espécie de sindicato dos tenistas, o organismo passou em 1990 a ser conhecido como ATP Tour quando se tornou responsável pela organização das competições internacionais do deporto, com a excepção dos quatro torneios do Grand Slam (Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Open dos Estados Unidos), Taça Davis e Jogos Olímpicos. O ATP é ainda responsável pelo ranking dos tenistas, actualizado a cada segunda-feira, que serve para definir os cabeças-de-série dos demais torneios.
Desenvolvido pela SIMS Co., Ltd. e distribuído pela casa-mãe nipónica Sega, ‘ATP Tour Championship Tennis’ beneficiou da licença oficial para disponibilizar 32 tenistas então no activo e 8 lendas já retiradas. No modo exibição, o jogador terá ao seu dispor grandes nomes do ténis como os norte-americanos John McEnroe e Pete Sampras, o checo-americano Ivan Lendl ou os suecos Mats Wilander e Stefan Edberg. No entanto, o modo principal é o ‘ATP Tour’ que começa com o jogador a criar um tenista de raiz e a personalizar atributos (como data de nascimento, nacionalidade, altura e peso) e características relacionadas à sua forma de jogar, (como tornar o jogador de ténis destro ou canhoto e escolher dois movimentos distintos para as suas pancadas de esquerda e direita). Uma vez que o modo carreira se inicia, o jogador é colocado no lugar mais inferior do ranking e terá que competir nos nove torneios oficiais (antes conhecidos como ‘Super 9’, hoje ‘Masters 1000’) para subir na classificação.
Em 1994 chegaram à Mega Drive outros dois jogos da modalidade: ‘IMG International Tour Tennis’ e ‘Pete Sampras Tennis’. O primeiro chegou ao mercado pela mão da Electronic Arts e da sua emergente secção EA Sports e possibilita a escolha entre 32 tenistas profissionais e 17 torneios, a maioria deles não licenciados. Já o segundo, distribuído pela Codemasters, apresenta “Pistol Pete” como chamariz mas este é apenas o único tenista real presente no jogo, que permite até quatro jogadores humanos em simultâneo através da inovação de duas ranhuras adicionais para comandos presentes no próprio cartucho. Nesta “luta” a três para eleger o melhor jogo de ténis do ano, a jogabilidade acabou por ser o factor decisivo para a crítica especializada coroar ‘ATP Tour Championship Tennis’ como o vencedor da contenda.
Sendo o ténis um dos meus desportos favoritos, logo após o futebol e a par com o basquetebol e futsal, desde cedo me interessaram os videojogos desta modalidade. Lembro-me do rudimentar ‘Match Point’ (1984) para o ZX Spectrum ou do mais infantil ‘Championship Tennis’ (1992), disponível na colectânea ‘Sega Game Pack 4 in 1’ para a Game Gear, antes de ter conhecido o jogo aqui em retrospectiva. Embora esteja hoje ultrapassado, ‘ATP Tour Championship Tennis’ representou no seu tempo uma notável evolução no que diz respeito aos jogos de ténis, não se limitando a devolver a bola amarela para o lado do adversário. Permitia executar pancadas diferenciadas, ao contrário do previsível ‘Pete Sampras Tennis’, que um amigo de infância tinha e que frustrava qualquer jogador de consola pela pouca precisão de movimentos e pela deficiente física de contacto da raquete com a bola. Dupla falta.