Análise de Until Dawn (PS5)

★★★ - Um remake que acaba por não trazer grandes melhorias face ao original e a um preço bastante elevado para o consumidor.

O tão aguardado remake de Until Dawn já chegou às mãos dos jogadores, desta vez produzido pela equipa dos estúdios Ballistic Moon, ao contrário do original. O jogo original, lançado em 2015, foi bastante aclamado pela sua abordagem inovadora de como contava a sua história. Vale lembrar que, na altura, o modelo dos jogos da Telltale já começava a mostrar sinais de cansaço, mas a Supermassive Games conseguiu revitalizar o género, tornando cada decisão do jogador verdadeiramente crucial para o desfecho final. Mas será que este remake traz algo de novo a um jogo lançado há relativamente pouco tempo? 


Ao jogar este remake, fica claro que o estúdio procurou ser o mais fiel possível à narrativa do jogo original, sem apresentar grandes mudanças significativas entre as duas versões. Isto poderá ser explicado pelo facto de não terem tido a possibilidade de refazer as filmagens com os atores do jogo original, limitando-se a trabalhar com o material já gravado na altura. 
O jogo acompanha a história de 10 amigos que decidem fazer uma escapadela até Blackwood Mountain, onde uma tragédia os atinge com o desaparecimento de duas delas, Hannah e Beth. Um ano depois, o grupo retorna ao local da tragédia, apenas para descobrir que Blackwood Mountain esconde segredos sombrios que colocam as suas vidas em perigo.
A história de Until Dawn continua a intrigar, como se fosse a primeira vez que a estivéssemos a experienciar. Mesmo após ter jogado o original, permanecemos sempre expectantes sobre o que se desenrolará na cena seguinte, com a incerteza constante de se tomámos as decisões corretas para garantir que todos consigam sobreviver a este pesadelo.  
Mesmo com o estúdio limitado ao material já gravado na época, foram introduzidas algumas novidades, como um novo prólogo com cenas adicionais que dão mais destaque às personagens de Hannah e Beth. Além disso, foram incluídos novos colecionáveis e áreas interativas, enriquecendo ainda mais a história de Until Dawn


Passaram 9 anos desde o lançamento do jogo original, e essa distância temporal já não revela uma diferença gráfica tão evidente como acontecia no passado. Por exemplo, o lançamento de Final Fantasy V em 1992 e Final Fantasy X em 2001 mostrava um claro salto na capacidade gráfica entre os dois jogos. No entanto, da PlayStation 4 para a PlayStation 5, essa diferença ainda não é tão notória, e este remake é uma clara demonstração disso.
É verdade que Blackwood Mountain nunca se sentiu tão viva como neste remake, exibindo uma beleza e uma atmosfera que quase nos fazem acreditar que estamos num local real. No entanto, quando olhamos para as personagens, essa clara melhoria desaparece. Ao longo do jogo, há vários momentos que nos fazem perguntar: "O que se passa com a cara dele/a?"—e no caso do sorriso da Jess, isso aconteceu frequentemente, pois parecia tudo menos natural. 
Ao contrário do jogo original, o remake foi desenvolvido utilizando o novo Unreal Engine 5 em vez do motor Decima. É muito provável que muitos dos problemas observados nas personagens se devam a essa transição. Não que o Unreal Engine 5 não seja eficaz na criação de modelos realistas, mas possivelmente devido à forma como o material original foi adaptado e reconstruído neste novo motor. 
Esteticamente, foi feita uma mudança que acabou por ficar aquém do original, especificamente na paleta de cores do jogo. O Until Dawn original utilizava tons de azul que criavam uma atmosfera fria e sombria, contribuindo significativamente para o ambiente de suspense. No entanto, no remake, esses tons foram substituídos por cores mais quentes, o que fez com que o jogo perdesse um pouco dessa sensação de frieza e tensão que caracterizava o original.


Quem joga um jogo como Until Dawn não espera uma jogabilidade acelerada, pois sabe que este se concentra principalmente em oferecer uma nova experiência cinematográfica. Na maioria das vezes, o jogador limita-se a explorar os diversos cenários, com eventos rápidos que surgem em momentos de maior ação na história. 
É por isso que pode ser um pouco frustrante quando tentamos movimentar as nossas personagens e elas parecem muito pesadas e lentas em responder aos nossos comandos, levando a que muitas vezes acabemos por colidir com objetos devido ao atraso na reação. Sem dúvida, este é um ponto que precisa de ser melhorado em futuros patches


Tal como o jogo original, este remake é relativamente curto, com uma duração de cerca de 8 a 9 horas de jogabilidade. No entanto, a sua rejogabilidade é, sem dúvida, um dos pontos fortes do jogo, pois não se limita apenas à busca de colecionáveis que não encontramos na primeira vez que o terminamos. Assim como no original, teremos a oportunidade de alterar todas as decisões que tomámos, permitindo uma variedade de experiências onde todas as personagens podem sobreviver ou morrer, além de explorarmos as diferentes cinemáticas que o jogo oferece. 
Ao concluir o jogo, acabamos por nos questionar se este remake era realmente necessário, e a resposta é negativa. É verdade que graficamente o cenário está melhor do que nunca, mas isso não é suficiente para justificar a compra de um jogo que custa 70€ nas lojas, especialmente quando o original ainda consegue satisfazer as necessidades dos jogadores. (Neste momento em que escrevo, o original possui um bug na opção de compra na PlayStation Store, algo que PlayStation precisa de resolver urgentemente). Além disso, a data de lançamento também não faz muito sentido, uma vez que um filme de Until Dawn está a caminho. Teria sido muito mais vantajoso lançar este jogo próximo da estreia do filme para gerar maior entusiasmo.