Análise a ‘YOU’ (Season 4) – NETFLIX

★★★★ - Nova vida nem sempre significa nova personalidade…e nova personalidade nem sempre significa melhoria.

Sobre a série:
Esta é a quarta temporada de YOU, com 10 episódios de aproximadamente 50 minutos cada, sendo dividida em 2 partes, cada uma com 5 episódios cada.
Foi lançada a primeira parte em fevereiro e a segunda parte em março…que é apenas mais uma estratégia de manter os usuários mais tempo na plataforma.
Antes de falarmos da narrativa, vamos aceitar o facto de que, as personagens desta série têm reações adversas a cortinas, visto que a falta destas acaba sempre por ser o precursor das cenas futuras…pura conveniência narrativa que a este ponto, passado quarto temporadas, já é imagem de marca da série e de certa forma começa a ter piada.

Narrativa:
Mais uma vez Joe é o nosso narrador, tirando no episódio 8 que é narrado por Marienne.
Desta vez Joe tem o nome de Jonathan Moore e está a trabalhar como professor de literatura na universidade, e mais uma vez temos um novo interesse amoroso. Para os espectadores que se questionam como Joe arranja tão facilmente trabalhos em posições altas, lembrem-se de como ele arranjou trabalho na temporada 2 na “Anavrin”.
Esta temporada passa-se maioritariamente em Londres, no entanto temos algumas cenas passadas em outras partes do mundo.
Os livros que Joe escolhe para os alunos falam sobre amor e obsessão motivada pela vontade de proteger, que acaba por ser o tema da série desde a primeira temporada, e algo que Joe se debate constantemente em todas as temporadas. Esta temporada vai ser bastante focada em obras de literatura e para os amantes de livros, provavelmente será fácil identificar as semelhanças e por sua vez desvendar o mistério.
Temos plot twist atrás de plot twist, que nos chegam através de flashbacks, que é algo normal em séries de mistério.
A primeira parte é um mistério de “quem é o assassino” que de certa forma é uma lufada de ar fresco, mas ao mesmo tempo acaba por ser uma espécie de reconstrução narrativa do filme Glass Onion (2022) ou para quem os fãs de livros, temos como exemplo as obras de Agatha Christie.
Para alguns, esta primeira parte pode desagradar um pouco…mas prometemos que na segunda parte tudo ficará mais interessante.
A segunda parte está mais complexa psicologicamente e com uma espécie de reconstrução de um clássico de literatura inglesa (que não iremos revelar para não dar spoiler). Temos uma maior atenção dada a distúrbios mentais, o que pode agradar a muitos espectadores porque dá uma dimensão mais profunda e complexa e nos ajuda a perceber melhor os motivos das personagens.

Som e Imagem:
No que toca à imagem e ao som, temos o habitual da série, sem qualquer alteração significativa.
Por vezes temos temas musicais que são desnecessários e que por vezes cortam a intensidade da cena a decorrer.
Algo que está a começar a ser recorrente nas criações da NETFLIX é a luminosidade das cenas…temos cenas quase em completa escuridão ou em contraluz, o que pode ser a ideia pretendida, no entanto, uma sala comum não tem o mesmo ambiente de uma sala de cinema…resultando numa dificuldade em perceber o que realmente acontece no ecrã.

Personagens:
No primeiro episódio são nos apresentadas quase todas as personagens…algo a que não estamos habituados e que para alguns espectadores pode ser demasiado…no entanto, algumas das personagens têm oportunidade de ter algum desenvolvimento psicológico na segunda parte.
No episódio 8 temos a oportunidade de ver o porto de vista de Marienne e conseguimos nesta altura ver o quão assustador Joe realmente é…e é aqui que percebemos que só a narração de Joe é que nos faz torcer por ele, porque se a narrativa fosse contada por outra personagem, nós iriamos querer Joe atrás das grades.
Algo que é constante nesta série, é a presença de uma personagem representante de uma faixa etária mais jovem, seja ela uma criança ou adolescente. Desta vez não temos Jenna Ortega visto que estava a gravar Wednesday, Nadia, uma das alunas de Joe, irá representar essa faixa etária.
A nível de representação, continuamos a ter Penn Badgley como a pessoa principal que carrega a série ás costas, no entanto outra personagem que irá ter um grande impacto a nível de representação é Rhys Montrose interpretado por Ed Speleers.

Opinião Final:
Para quem gostou das temporadas anteriores, irá gostar desta também.
Nesta temporada a narrativa parece ter sido menos bem trabalhada no que toca à interligação das cenas e em como os dilemas são resolvidos…no entanto continua a ser uma série com potencial, e sem duvida que a segunda parte desta temporada tem uma vibe mais parecida à das temporadas anteriores.
Iremos ter uma nova temporada visto que Joe entrou numa nova fase mental e temos um final aberto…talvez na próxima temporada seja o fim de Joe visto que ele está a deixar para trás pessoas que não chegou a matar, talvez essas pessoas venham atrás dele em conjunto para fazer justiça ou ter vingança, caso contrário, esta série começará a parecer um Slasher, visto que Joe escapa sempre de alguma forma com ajuda de conveniências narrativas.